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sexta-feira, março 02, 2012

Brasil é principal vítima de "tsunami cambial" que afeta emergentes

Real foi a moeda que mais se valorizou no ano até 1º de março com alta de 8,7%; excesso de liquidez no mundo amplia entrada de dólares no País

iG São Paulo

Uma comparação com as principais moedas de países emergentes aponta que a moeda brasileira, o real, foi a que mais se valorizou desde o início deste ano em relação ao dólar. Com 8,7% de alta em relação à moeda americana em 2012, o real ficou à frente, por exemplo, do peso colombiano, com alta de 8,5%, do peso mexicano que teve ganhos de 8,3%, da rúpia indiana que registrou, junto com o peso chileno, uma valorização de cerca de 7%.

Essa relação entre o câmbio mostra que o Brasil tem sido a principal vítima do tsunami cambial que já despejou cerca de US$ 4,7 trilhões nos mercados financeiros.

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Isso basicamente está ocorrendo pela diferença da taxa de juros que no Brasil está em 10,5% ao ano (Selic) em comparação com taxas entre 0% e 2% praticadas pela maioria dos principais bancos centrais (Estados Unidos, Europa, Japão e Reino Unido), para tentar reagir aos efeitos da crise.

Guerra cambial

Valorização das moedas dos países emergentes em relação ao dólar

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Fonte: Banco Central. * Dados no ano até 1º de março

Além disso, o ambiente macroeconômico favorável e os grandes projetos de infraestrutura com investimentos no pré-sal e nas obras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 ajudam a ampliar a entrada de dólares no Brasil, contribuindo para valorizar ainda mais o real.

Na quinta-feira, o Governo Federal Decreto elevou a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para 6% para empréstimos externos com prazo de até três anos. Um dos principais focos é tentar reduzir as operações de tomada de empréstimos no exterior por empresas brasileiras e estrangeiras que atuam no País e aproveitam as taxas de juros mais baixas no exterior para realizar captações em moeda estrangeira.

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Com custos mais reduzidos em relação aos praticados no mercado financeiro local para levantar recursos, as empresas adotam essa prática para se financiar.

Além da elevação do IOF, o Banco Central continuará intervindo no mercado de câmbio, comprando o excesso de dólares para tentar combater a valorização do real com a forte entrada de moeda americana no Brasil.

Na noite desta quinta, como mais uma medida para proteger o mercado cambial e evitar a valorização excessiva do real frente ao dólar, o Banco Central divulgou medida que impõe limitações a financiamento de exportações.

De acordo com o BC, a decisão vale para a modalidade de pagamento antecipado de exportações, que tem prazo ilimitado sem taxação e, agora, passa a contar com esse benefício apenas com operações de prazos de até 360 dias.

As operações que ultrapassarem esse prazo, passarão a ter a cobrança de alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Segundo a análise do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco, tal medida e os sinais de que o governo pode intervir de outras formas sobre o mercado cambial podem minimizar, no curto prazo, as pressões para a valorização do real.

"Contudo, continuamos acreditando que os fundamentos apontam na direção de uma taxa de câmbio com o real mais valorizado do que no nível atual, diante da liquidez mundial abundante", avalia a equipe de economistas do banco.

Nesta sexta-feira, por volta das 13h a moeda americana estava sendo negociada com alta de 0,66% cotada a R$ 1,724 para compra e R$ 1,725 para venda.

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