Seleção quer o ouro para salvar Mano e entrar para a história

Mano precisa da medalha de ouro para se manter na seleção - (Foto: GettyImages)

Cosme Rímoli, do R7, em Londres

Nunca uma medalha de ouro olímpica valeu tanto para o Brasil. A seleção que pisará no estádio de Wembley às 11h (de Brasília) sabe o que estará em jogo contra o México. Muito mais do que a inédita conquista, o time joga pela sobrevivência de Mano Menezes. O treinador da seleção principal assumiu a olímpica pela própria sobrevivência. E montou uma equipe forte, compacta, moderna e que será a base para 2014. Desde que ele continue no cargo. Se outro técnico assumir, pode buscar outros atletas de sua confiança. Ou seja: a medalha de ouro hoje é obrigação para que a atual estrutura se mantenha. É uma troca de interesses.

— Nós sabemos o quanto todos estavam pressionados. Não só o Mano. Viemos conscientes para a Grã-Bretanha, sabendo o quanto vale a medalha para o nosso futuro. Por mais que um trabalho seja bem feito no futebol, se não vier a conquista, não vale. Por isso temos e faremos tudo para ganhar do México e ficar com o ouro. Não vamos deixar escapar essa chance. Muitos jogadores que fizeram história fracassaram na Olimpíada. Mas nós vamos além", promete o capitão Thiago Silva.

Ele tem razão. Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Bebeto, Dunga, Taffarel. Nas 11 participações passadas, o Brasil só conseguiu chegar à final por duas vezes. Em 1984 e 1988, e perdeu.

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— Dá para entender o porquê. As Olimpíadas são muito difíceis. Jogo em cima de jogo. Viagem, desgaste, cobrança exagerada. Não é nada fácil chegar onde chegamos. Eu disputei com o Thiago a de 2008 em Pequim. Nós sabemos o quanto foi ruim o gosto da derrota. Levamos o bronze para casa. Foi uma tristeza danada. A Argentina do Messi tinha um grande time e nos derrotou. Ficou para mim a estranha sensação de que eu poderia ter dado muito mais. Isso ficou comigo por quatro anos. Agora contra o México vou dar a minha pele para sair com o ouro. Esse é o clima na seleção, garante Marcelo, um dos líderes do time de Mano Menezes.

A seleção brasileira sabe que os mexicanos têm uma equipe inferior tecnicamente. Mas com grande poder de marcação. E velocidade nos contragolpes. Em um recente amistoso, no início de junho, o México venceu o Brasil em Dallas por 2 a 0. Eles contavam com atletas da seleção principal e não da olímpica. Mas do outro lado estava o mesmo time de Mano Menezes. A experiência valeu para os dois lados. Os mexicanos deverão tentar usar a mesma estratégia do seu time mais velho. E o Brasil teve tempo para preparar um antídoto para a fortíssima marcação feita por duas linhas de quatro jogadores. Preparada com carinho principalmente para travar Neymar, o mais talentoso.

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— Nós conversamos muito entre nós. Temos a certeza de como o México entrará em campo. Eles esperam que nós joguemos de uma maneira individualista. É tudo o que não podemos e não vamos fazer. Já ficou claro para todos nós a importância de tocar a bola em velocidade, tabelar. Foi assim que conseguimos chegar até aqui. E não vamos mudar, fazer o que eles querem, diz Oscar.

O meia agora do Chelsea assumiu a camisa 10 da seleção e foi o encarregado de mostrar a Neymar o erro de prender a bola, tentar o drible a todo momento. Depois da estreia contra o Egito, Neymar percebeu onde estava errando e virou um jogador muito mais efetivo para o Brasil.

— Eu quero fazer o melhor para a seleção. Sinto que depois de algumas conversas e mudanças de posicionamento ficou mais fácil para o time. O jogo está fluindo mais. Ficou mais difícil marcar o Brasil. Estamos muito certos do que devemos fazer nesta final. Queremos demais o ouro. Eu sei o quanto o futebol brasileiro está precisando dessa conquista. Por isso cada um de nós vai fazer o impossível em Wembley para derrotar o México, promete Neymar.

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Mano e seus jogadores souberam que o adversário não terá Giovani dos Santos, contundido. Ele era o principal jogador da seleção olímpica. Sem ele, o time fica mais lento, menos criativo ao roubar a bola. Por isso, o técnico Luiz Fernando Tena colocará uma equipe ainda de maior marcação nesta final. Esperto, já jogou todo o favoritismo como mais uma maneira de pressionar a seleção. Depois de trocar o time em todas as partidas, Mano deve manter os mesmos jogadores que despacharam a Coréia do Sul na semifinal por 3 a 0. Com Alex Sandro no time e Hulk fora.

— Nada vai nos atrapalhar. Estamos realmente muito bem preparados para ganhar essa medalha de ouro. O time se acertou. Tudo está dando certo. Poucas vezes vi um grupo com tanta vontade de sair campeão. E é o que vamos fazer em Wembley, promete Leandro Damião, o artilheiro das Olimpíadas com seis gols.

A premiação já está acertada. Se o Brasil conquistar o único título que falta na sua história, os jogadores não vão se arrepender. Cada um receberá R$ 180 mil. E mais do que o dinheiro, a vitória vale algo muito mais especial.

— Vamos entrar para a história. Ninguém vai se esquecer da primeira equipe a conquistar o ouro. É isso que nós queremos e vamos conseguir: fazer história em Wembley, garante, confiante, Neymar.