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quinta-feira, agosto 09, 2012

Alimentos como feijão e tomate pressionam custo de vida de famílias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação de 0,43% em julho. Mas na Região Metropolitana de Salvador o aumento foi maior: 0,56

Priscila Chammas
priscila.chammas@redebahia.com.br
A copeira Graziela Costa Almeida foi ontem ao mercado para comprar tomate, mas, ao ver o preço, quase desistiu. “Vou levar só dois ou três porque vou precisar hoje para fazer uma sopa. Amanhã, vou tentar comprar na rua que tem mais promoção”. Os consumidores baianos vão mesmo precisar de estratégias para driblar a alta dos preços. É que o IBGE divulgou ontem o último Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a inflação na Região Metropolitana de Salvador foi das que mais aumentaram no mês de julho. Quem impulsionou foi justamente o tomate, que subiu 92,15% entre 29 de junho a 27 de julho desse ano.

O IPCA do período apresentou variação de 0,43%, mas na RMS foi de 0,56%, a terceira região metropolitana mais alta, perdendo apenas para Goiânia (0,61%) e Porto Alegre (0,60%). No acumulado do ano (de janeiro a julho), o item que mais subiu em Salvador foi o feijão mulatinho, impulsionado pela seca que assola o semiárido nos últimos meses.
A safra de feijão desse ano foi 55% menor do que a do ano passado, e o aumento no preço do mulatinho no período foi de 131,81%, quase o dobro da média nacional (73,75%). “Ah, minha filha! Se um tipo está caro, eu olho os outros e tento comprar o tipo mais barato”, conta a professora Jusa Veloso, que também foi ontem ao supermercado.
Só que a estratégia da professora não garante a fuga da inflação. Isso porque o feijão carioca também registrou aumento considerável no acumulado do ano: 51,19%. Outras dicas de Jusa são substituir o feijão por lentilha ou tentar pechinchar, levando o folheto de propaganda da concorrência ao supermercado.
A aposentada Clarice Leonor Duarte também levou os folhetos da concorrência. E constatou com os próprios olhos o que disse o IBGE: “Os legumes, em geral, aumentaram muito”. Verdade. A cenoura, por exemplo, está no topo da lista.
Seca
Além do feijão, outros produtos registraram inflação acima da média em julho por causa da estiagem. Segundo a gerente de pesquisa do IBGE, Irene Maria Machado, a farinha de mandioca (5,45%), a carne de carneiro (10,26%) e a batata (24,29%) são os outros itens que se enquadram nesta situação. A mandioca também apresentou queda na safra deste ano (1,7%), e a criação de ovinos foi uma das mais afetadas pela seca.
Sobre a alta do tomate, a especialista explica que também teve origem nas intempéries climáticas nas regiões do país onde é cultivado, como o excesso de chuvas e as baixas temperaturas registradas em Goiás e Rio Grande do Sul.
No caso de outros produtos, como o alho e o pão, o maior vilão foi a alta do dólar. “Mais de 70% do trigo que usamos aqui é importado, a maior parte dos Estados Unidos”, explica Machado. Lá, ela completa, uma seca prejudicou a colheita. Além disso, a oferta de alho no mercado diminuiu devido à quebra da safra na China, também por problemas de clima.
Histórico
A taxa de inflação da RMS é a segunda maior do ano. A primeira foi registrada em maio (0,72%), quando houve reajustes de energia e água. Em junho, foi obtido o menor índice: 0,18%.
Em julho, o setor de alimentação e bebidas foi o que registrou a maior alta (0,91%), empatado com as despesas pessoais. Na RMS, o movimento foi similar, com índices de 1,77% e 1,02%, respectivamente. Por outro lado, a habitação teve queda de 0,07% na RMS, e o preço dos transportes registrou baixa no nível nacional. Apenas na Bahia, esse último item aumentou (2,19%), ainda impulsionado pelo reajuste da tarifa de ônibus em junho.
Índice que corrige o mínimo tem alta
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado ontem pelo IBGE, subiu 0,43% em julho, acima do resultado de junho, de 0,26%. No acumulado do ano até julho, o índice apresentou avanço de 3%, ante 3,70% até junho. Em 12 meses, a alta foi de 5,36%, acima da de junho (4,90%). Os preços dos produtos alimentícios subiram 0,89% em julho, enquanto os dos não alimentícios avançaram 0,29%. Entre os índices regionais o destaque foi Goiânia (0,70%), com a maior alta. Salvador ficou em segundo lugar, com inflação de 0,69% em julho. O menor índice foi o de Belém (0,21%). O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979 e se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange nove regiões metropolitanas do país, além de Brasília e do município de Goiânia.
O índice é utilizado para negociação de reajustes salariais. Os benefícios dos aposentados, por exemplo, são calculados em cima da variação do INPC no ano. O indicador também é usado para reajustar o salário mínimo: o aumento que entra em vigor dia 1º de janeiro de cada ano é composto pelo INPC do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos anteriores.


Fonte: Correio 24 horas

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