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sexta-feira, julho 29, 2011

Causa exata de acidente do voo Rio-Paris só será divulgada ano que vem

Órgão francês responsável por investigações prevê relatório final no 1º semestre de 2012

Do R7, com agências internacionais

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Mehdi Fedouach/12.05.2011/AFP

Análise completa das caixas-pretas e relatório final fica para primeiro semestre de 2012, segundo o BEA

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O relatório final sobre o acidente com o Airbus A330 do voo Rio-Paris, da Air France, que deixou 228 mortos em junho de 2009 na costa brasileira, será "provavelmente" divulgado no primeiro semestre de 2012, anunciou nesta sexta-feira (29) Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA).

Relembre a tragédia em imagens

- Todos os dados obtidos exigem uma análise mais sistemática que demanda muito tempo. O relatório final não será divulgado este ano, mas provavelmente no primeiro semestre do próximo ano.

Os investigadores franceses apresentaram nesta sexta-feira seu terceiro relatório intermediário depois da catástrofe.

Investigadores franceses disseram que os tripulantes do AF 447 ignoraram repetidos alertas de falta de sustentação aerodinâmica, e que deixaram de seguir os procedimentos padronizados.

Deste modo, o BEA emitiu dez novas recomendações de segurança para que acidentes desse tipo não se repitam, o que inclui um maior treinamento para o comando manual das aeronaves - capacidade que, segundo críticos, os pilotos vêm perdendo devido ao predomínio dos computadores.

O relatório sobre os minutos finais do voo revela que os pilotos deixaram de discutir o alerta de stall (perda de sustentação) que fez com que o avião despencasse de uma altura de 38 mil pés (11,58 km), chocando-se contra o mar a 200 km/h.

O inquérito mostra também que os passageiros não receberam nenhum aviso sobre as manobras dos pilotos para tentar evitar a queda.

Informações novas demonstram falta de treinamento

As informações, com base nas recém-descobertas caixas-pretas do avião, confirmam a descoberta feita em maio, de que a tripulação reagiu ao alerta de stall fazendo algo que intrigou os especialistas: apontando o nariz do avião para cima, ao invés de para baixo.

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Paul Hayes, diretor de segurança da consultoria britânica Ascend Aviation, afirmou que “parece óbvio que a tripulação não reconheceu a situação em que estava, por qualquer razão, e que mais treinamento teria ajudado”.

O stall aerodinâmico - que não deve ser confundido com uma pane dos motores - é uma situação perigosa, que ocorre quando as asas são incapazes de suportar o peso do avião. A forma clássica de reagir a isso é apontando o nariz do avião para baixo, para capturar o ar num ângulo melhor.

Mas é raro um grande jato comercial ter um stall aerodinâmico, ainda mais em alta altitude, e os investigadores dizem que essa situação praticamente não é vista nos treinamentos.

Relatório deve gerar uma batalha judicial

O relatório desta sexta deve gerar uma batalha judicial entre a Air France e a EADS, fabricante do Airbus, opondo as teses de falha mecânica e falha humana.

"A esta altura, não há razão para questionar a capacidade técnica da tripulação", disse a Air France em nota, alegando que os pilotos tiveram dificuldades em analisar a situação porque os sistemas de alerta de stall eram "ativados e parados intempestiva e enganosamente".

A atribuição de responsabilidades pelo acidente é de enorme importância, pois tanto a Air France quanto a EADS enfrentam investigações criminais na França, e parentes de vítimas no Brasil e na Europa pleiteiam indenizações.

Durante um voo normal assistido por computador, os sistemas do Airbus são programados para evitar o stall mesmo em caso de erro dos pilotos.

Mas, neste caso, o A330 estava sendo pilotado manualmente, porque o piloto automático havia se desligado por causa da perda temporária de dados confiáveis, supostamente causada pela formação de gelo nos tubos de Pitot (um "velocímetro"), produzidos pela fábrica francesa Thales.

Os pilotos, segundo o BEA, não haviam sido treinados para lidar manualmente com a aeronave em altas altitudes, nem para um procedimento chamado "IAS Não-Confiável". A sigla se refere, em inglês, a "velocidade aérea indicada."

Proposta

A agência francesa recomendou que, a partir de agora, os pilotos sejam submetidos a exercícios relacionados ao comando manual dos aviões e a como evitar os stalls em altitudes elevadas.

Essa proposta pode tranquilizar líderes sindicais que vinham criticando uma suposta pressa em culpar os pilotos da Air France depois da primeira leitura da caixa-preta, em maio.

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