O motorista brasileiro pode ficar tranqüilo: o preço do álcool vai cair e o combustível voltará a ser mais interessante para o bolso que a gasolina. O valor do litro, no entanto, não deverá voltar aos patamares anteriores à crise do etanol, segundo o presidente do Conselho Administrativo da Cosan, maior grupo produtor de açúcar e álcool do Brasil, Rubens Ometto.
- Se você for ver do lado do consumidor, ele comprou etanol por dez meses do ano a 55% do preço da gasolina e dois meses ao preço da gasolina: a média é boa. Agora o preço do etanol vai abaixar de novo.
Ometto, porém, afirma que o aumento nas vendas de automóveis vai afetar a recuperação completa do preço.
- Eu acho que a 55% [do preço da gasolina] não chega de novo porque o aumento da venda de carros flex está muito forte, então a demanda por combustível está muito alta. Mas vai ser em conta, vai ser 60% ou 65% do preço da gasolina.
A relação entre os preços do álcool e da gasolina no país chegou a 60,5% no ano passado, mas atingiu 84,5% em abril (veja quadro), de acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
O número subiu por causa do preço do álcool, cujo preço subiu 40,2% nos últimos 12 meses e saltou de R$ 1,682 para R$ 2,359, segundo a ANP. O principal motivo do aumento foi a safra ruim do ano passado, diz Ometto.
- O problema do aumento do preço foi conseqüência de uma alteração da safra. Eu tenho 60 anos, não tenho 60 safras, mas passei por todas elas e eu nunca passei por uma seca tão grande. Teve uma perda de 10% na produção de cana, o que dá uma perda de 4 bilhões de litros de álcool, o que é muito.
O empresário assegura que a escalada do álcool já cessou e, a partir de agora, haverá um recuo porque “a safra começa de novo e o preço cai”.
Preço da gasolina
Ometto diz que “o preço da gasolina pela Petrobras está politicamente administrável”, o que deixa o combustível mais competitivo em relação ao álcool. A manutenção do valor do combustível ocorre em um momento de elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, lembra o empresário.
- O governo vai ter que fazer alguma coisa para ajustar os preços dos combustíveis na proporção do petróleo. Uma das alternativas é reduzir a Cide [imposto da gasolina], mas aí vai diminuir a arrecadação. Esse é o cobertor curto. Eu não sou governo, então não sei o que eles vão fazer, mas, se eles quiserem mais etanol, terão que investir em uma política sustentável de preço e rentabilidade, [porque, senão,] ninguém vai investir em cana no Brasil.
O empresário disse ainda que a Cosan “está pronta para investir pesado em etanol e quase dobrar a produção de cana”, mas se o governo não incentivar a competitividade do produto, o investimento em etanol pode ser comprometido.
- Se você começar a ter divisões políticas de não permitir que o álcool leve vantagem, por ser um produto renovável, limpo, e mais barato que a gasolina, e você adotar um preço político para a gasolina, é difícil você ter investimento em etanol.
Mesmo assim, para atender à crescente procura por álcool no país, o setor deverá investir entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões (de R$ 62,8 bilhões a R$ 78,5 bilhões) nos próximos cinco anos, diz Ometto.
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